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World Service Blogs | 16:22, quinta-feira, 25 agosto 2011

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O 'punk' da alta cozinha (o último post)

Thomas Pappon | 16:47, sexta-feira, 8 julho 2011

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Outra coisa que o rock’n’roll e e a comida têm em comum: são assuntos muito bons, em qualquer mesa de bar – com a ressalva de que rock interessa bem mais em rodas masculinas.

Os paralelos não param por aí, e vou forçar a barra um pouco nessa última comparação, que, na verdade, é mais um “gancho” para falar de um novo fenômeno no mundo gastronômico: o avanço dos food trucks.

Food trucks são vans ou caminhões adaptados para venderem comida, grosso modo, restaurantes sobre rodas.

O conceito de uma kombi ou um trailler vendendo cachorro-quentes ou pastéis, por exemplo, não é novo, mas os food trucks são mais sofisticados.

São vans com griffe, de visual caprichado, que oferecem comida especializada de qualidade e cujo esquema de marketing dá inveja a vários restaurantes de nível, pois a imagem de um “evento sobre rodas” cai como uma luva para as mídias sociais.

street.jpg

O fenômeno se consolidou nos Estados Unidos, nos últimos dois ou três anos. Em 2009, a GQ americana já publicava uma lista dos 10 Best Food Trucks do país.

Todas as grandes cidades americanas têm suas food trucks mais queridas. Em outubro de 2010, Chicago realizava sua primeira cúpula de food trucks da região, que reuniu, em um estacionamento, vans como Flirty Cupcakes, The Southern Mac, Sweet Miss Giving’s, Tamali Space Churros, 5411 Empanadas, Hummingbird KItchen e gaztro-wagon (achei melhor não traduzir ou explicar) que vendem doces, hambúrgueres, comida mexicana, pastéis, frango frito ou churros “espaciais”.

A moda chegou a Londres no final do ano passado, quando a , a van de Jun Tanaka, chef do Pearl e com várias participações em programas de TV, estacionou por algumas semanas em Covent Garden.

A Street Kitchen vende pratos servidos em caixinha de isopor, como por exemplo a salada de broad beans - um feijão verde grande, com beterraba, agrião e queijo Old Winchester ou o salmão grelhado com beterraba marinada, salada de couve-rábano (kohlrabi), batatas “ao murro” e ervas. A salada custa 5,5 libras (R$ 13,7), o salmão 6,5 (R$ 16,2).

Os preços são outro ponto de venda das food trucks. A clientela faz fila para comer em plena rua, de pé.

Jovens chefs em busca de independência estão caindo matando na ideia. É bem mais fácil vender numa van do que num restaurante, assim como é bem mais fácil promover o produto.

É aqui que retorno ao paralelo com o rock’n’roll. Os food trucks seguem a filosofia do “faça você mesmo”, são da turma que busca uma expressão e um caminho próprios para fazer e divulgar o que têm a oferecer, na marra e no muque.

Em suma, são o “punk da alta cozinha".

Criativos e empreendedores, esses jovens chefs apostam em vans estilosas, logos e designs bem bolados e sites transados. E eles tuítam. Divulgam quando e onde vão estar , numa constante comunicação direta com o freguês.

O trampo é duro. E ainda é preciso lidar com a legislação urbana, licenças, e eventuais multas de estacionar em local proibido.

O negócio é batalhar, abrir novas formas de levar sua arte ou produto ao público. Como os punks faziam.

E com esse post, o 鶹Լ à Mesa se despede de seus leitores.

Foram 83 posts desde novembro de 2009. Uma grande curtição, mas que não dava mais para ser levada adiante por falta de tempo e mudanças de prioridades.

A todos que acompanharam o blog, e em nome de todos os que escreveram nele, agradeço pelo interesse e apoio.

Comida é o novo rock'n'roll?

Thomas Pappon | 16:38, sexta-feira, 1 julho 2011

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Esse título não é meu, é de um excelente artigo da revista britânica Time Out dessa semana.

A razão do texto - o “gancho”, no jargão dos jornalistas – foi a primeira edição do , no fim de semana, em um parque aqui em Londres.

Trata-se de um festival de música e comida, cria do conhecido chef Jamie Oliver.

Antes da fama, Oliver tocava em uma banda indie chamada Scarlet Division, em que tocava bateria e cuidava da alimentação da rapaziada.

A carreira de chef acabou se impondo, mas Oliver sempre permaneceu antenado em música e essa ligação acabou rendendo a ideia do Feastival.

“Onde mais você pode se entregar aos prazeres da comida deliciosa de alguns dos melhores restaurantes de Londres por apenas 5 libras (R$ 12,5) o prato, enquanto curte os sons de verão de atrações de primeira linha?”, pergunta a apresentação do evento no seu site.

feastival.jpg

As “” são meia-boca – Charlatans, Mystery Jets, New Young Pony Club, Guillemots, Soul II Soul, The Bees, Athlete –, mas os , mesmo não estando entre os mais renomados, criam um leque formidável: world cuisine, cozinha britânica, hambúrgueres, vinhos, frutos do mar, espetos, coquetéis, etc.

Todos eles erguerão cozinhas “pop-up” no parque.

Acho a idéia ótima, um evento que permite uma experiência sensorial múltipla.

Já escrevi em outro post sobre a ligação entre música e culinária e acho que a Time Out acertou na mosca ao apontar paralelos entre a indústria da música e a cultura gastronômica.

Eu acho que estes existem há tempos, mas só agora, graças à TV e à disseminação da fama dos chefs, é que ficaram mais evidentes.

Foodies idolatram restaurantes, chefs, cozinhas, estilos. Fãs cultuam bandas, discos, artistas, estilos. Se você é o que come, é também o que ouve.

Há vários paralelos nas técnicas de promoção de artistas e chefs, muitos se projetaram graças a uma imagem. Assim como no rock'n'roll, o mundo da alta cozinha tem o chef bad boy (Marco Pierre White, Anthony Bourdain), o bom moço (Jamie Oliver), o hippie (Hugh Fearnley-Whittingstal) e o intelectual (Heston Blumenthal).

E tem esse aspecto, bem lembrado pela Time Out: tanto um disco – uma coletânea do Al Green ou do Marvin Gaye, por exemplo – quanto um bom jantar têm o poder de conduzir uma noite a dois para os braços abertos do amor.

Esse novo rock'n'roll também está passando por uma pequena e ruidosa revolução, o "punk" do universo foodie. Mas isso fica para o próximo post.

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