Mostra na Caixa patrocinada pela Petrobras destaca atuação de Lula
Em meio ao debate sobre a criação de uma comissão para investigar os crimes ocorridos durante a ditadura militar (1964-1985), uma exposição recém-inaugurada em Brasília com patrocínio da Petrobras e apoio da Caixa Econômica Federal destaca a atuação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na promoção de direitos civis.
Lula está presente em três imagens – mais do que qualquer outro ex-presidente – expostas na mostra “Direitos Humanos – Imagens do Brasil”, aberta na última quinta-feira na Caixa Cultural (centro de exposições e apresentações culturais mantido pela Caixa, banco subordinado ao governo federal).
Em duas fotografias – na abertura de um memorial em Brasília em homenagem a um desaparecido político e no lançamento do terceiro Plano Nacional de Direitos Humanos, ambas tiradas em 2009 –, ele está acompanhado pela então ministra Dilma Rousseff, além de outros assessores. Na outra, de 1979, Lula discursa para operários durante greve no ABC paulista.
O vice-presidente do governo Lula, José Alencar, também aparece em foto. Alencar posa ao lado da farmacêutica Maria da Penha, que deu nome à lei que prevê punições mais rígidas para crimes contra mulheres.
Os outros únicos ex-presidentes exibidos, cada um numa única foto, são Getúlio Vargas, em manifestação de trabalhadores em 1943, e Fernando Henrique Cardoso, na cerimônia de criação da Secretaria Nacional dos Direitos Humanos, em 1997.
Luta pelos direitos humanos
Um texto de apresentação da exposição, que também contou com recursos obtidos por meio da Lei Rouanet, diz que ela “busca mostrar alguns dos pontos mais importantes” da luta pela afirmação dos direitos humanos no Brasil.
As 55 imagens são organizadas cronologicamente e partem de pinturas que retratam batalhas contra indígenas e o tráfico de escravos, passam por cenas de revoltas populares e dão grande ênfase à repressão pela ditadura militar.
No entanto, na década de 1990, a mostra dá um salto: da seção "1985-1990: Fim da ditadura, avanços e recuos", passa-se à "1997-2001: A história não acaba". Entre 1990 e 1997, o Brasil passou pelos governos Fernando Collor de Mello, Itamar Franco e o início da Presidência de FHC.
A curadora da exposição, Denise Carvalho, diz à 鶹Լ Brasil por e-mail que a escolha das fotos buscou “captar o que há de mais relevante em cada período, em escolhas que resultam em perdas e ganhos, como um editor faz em qualquer tipo de cobertura jornalística”.
Segundo Carvalho, por causa dessas escolhas, a exposição também deixa de mencionar fatos ocorridos entre a destruição do quilombo dos Palmares (1710) e a Inconfidência Mineira (1789), por exemplo.
Ela negou que membros do governo Lula (além do próprio presidente) estejam sobrerrepresentados na mostra, dizendo que todas as imagens exibidas se vinculam a “fatos objetivos”.
“Independentemente de ele (Lula) ter sido presidente da República, trata-se de um personagem da história do Brasil, como Ulysses Guimarães (que aparece duas vezes), Leonel Brizola ou Gregório Bezerra, que também estão na mostra.”